28 julho 2011

Morte Plástica

A beleza do gesto... Desde sempre queria aquela fugacidade orgástica. Abriu o compartimento e deixou-a sair. Metros de pescoço emergindo, o misto de graça e deselegância, as pernas mais do que longas. A girafa saiu do compartimento e pisou na Lua.

 Um pequeno passo para uma girafa – murmurou para si, enquanto ela galopava em fluxos, estranhando a gravidade. 

Por fim livre na amplitude branco-cinzenta. Um palco sideral, pintura viva. No horizonte curvo, os olhos doces da criatura almejaram uma África intangível.

Quando o ar acabou, veio abaixo. E mesmo a extensão de seu corpo desarrumado (definitivamente lunar) era exatamente o que queria. O corpo de pontas na Lua, as patas díspares. A cabeça asfixiada contra o espelho do capacete. 

A beleza do gesto.  

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